No que se diferenciam a surdocegueira e a Deficiência
Múltipla.
Surdocegueira
A
surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas
que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo
ser:
- Surdocego total;
- Surdocego com surdez
profunda associada com resíduo visual;
- Surdocego com surdez
moderada associada com resíduo visual;
- Surdocego com surdez
moderada ou leve com cegueira;
- Surdocego com perdas leves,
tanto auditivas quanto visuais.
A surdocegueira pode ser:
- congênita: quando a criança nasce Surdocega ou
adquire a surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma
língua.
- adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após
a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada.
Deficiência
Múltipla
Segundo a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989
define-se como:
•
Deficiência múltipla – a associação, no mesmo indivíduo, de duas
ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com
comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na
sua capacidade adaptativa.
São consideradas
pessoas com deficiência múltipla aquelas que "têm mais de uma deficiência
associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de
pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou
menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP,
2002).
A
deficiência múltipla é uma condição que resulta de uma etiologia congênita ou
adquirida.
Necessidades básicas dos alunos com surdocegueira e a DMU.
O corpo é a realidade mais imediata
do ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo.
Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal do aluno com
surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que o aluno possa se auto
perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o
equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a
autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso
motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
Deve-se, disponibilizar recursos
para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico,
tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.
Mesmo quando a deficiência
predominante não é na área intelectual, todo trabalho com o aluno com
deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o
meio ambiente. Este processo interacional é prejudicado quando as informações
sensoriais e a organização do esquema corporal são deficitárias. Prever a
estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer
parte do Plano de AEE.
De acordo com Nunes (2002), as necessidades podem ser agrupadas em três
blocos:
- físicas e médicas;
- emocionais;
- educativas.
Estratégias
utilizadas para aquisição de comunicação.
A comunicação é de extrema
importância na aquisição de uma boa qualidade de vida e as principais vias de
acesso à comunicação são a visão e a audição. A perda de uma ou ambas limita a
aprendizagem incidental, onde a criança recebe e procura ativamente informações
seja na interação com o meio ou com outro, proporcionando experiências
significativas e fazendo associações com experiências prévias e assim
aprendendo.
Nunes (2002) coloca que a limitação
no acesso à aprendizagem incidental faz com que a pessoa receba informações de
maneira fragmentada ou distorcida, sendo então essencial ensinar o que os
outros aprendem acidentalmente.
Além disso, coloca também que a
dificuldade na comunicação cria limitações na interação com os outros e com o
meio levando a pessoa a ter poucas experiências sociais.
Para que a comunicação ocorra são
necessários quatro elementos: o emissor ou locutor; o receptor; o tópico; o
meio de expressá-lo.
Para
as pessoas com surdocegueira e/ou com deficiência múltipla a comunicação é
dividida em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência
da transmissão e interpretação.
A
comunicação receptiva ocorre quando
alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma
(escrita, fala, Libras e etc). No entanto, comunicação receptiva requer que a
pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja
equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar.
A
comunicação expressiva requer que um
comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa.
Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos,
movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras variações.
Os
alunos com surdocegueira ou DMU necessitam que:
v A
comunicação inicial seja pelo movimento corporal e vocalizações.
v Aprender
por rotinas organizadas.
v A
caixa de antecipação será sua primeira estratégia de comunicação.
v Estimulação
para utilização do tato;
v Haja
um mediador para trazer as informações de maneira integral e coerente se torna
imprescindível;
v Sistemas adequados de
comunicação;
v Utilização de gestos
ou movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das
atividades propostas.
Referências:
- BOSCO, Ismênia C. M. G.;
MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R.Coletânea UFC-MEC/2010: A
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência
Múltipla(2010).
- Aspectos Importantes para saber
sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Texto
elaborado pela coordenadora da disciplina Profa. Dra. Shirley Rodrigues
Maia para apoiar no desenvolvimento das propostas de Solução para o
Problema.
- IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila
sobre “Deficiência
Múltipla Sensorial”,2010.