A
pessoa com surdez, em seus processos perceptivos, linguísticos e cognitivos
pode ser estimulada e desenvolvida, tornando-se um ser humano capaz, produtivo
e constituído de várias linguagens, com potencialidade para adquirir e
desenvolver não somente os processos visuais-gestuais, mas também ler e
escrever as línguas em seus entornos. Não vemos a
pessoa com surdez como o deficiente, pois ela não o é, mas tem perda sensorial
auditiva. A qual tem potencialidade do corpo biológico humano e da mente humana
que canalizam e integram os outros processos perceptuais, tornando essa
pessoa capaz, como ser de consciência, pensamento e linguagem.
Em prol da
educação das pessoas com surdez, há dois séculos, existe um embate
político entre os gestualistas e os oralistas, na qual responsabilizam o
sucesso ou o fracasso escolar com base na adoção de uma ou de outra concepção
com suas práticas pedagógicas específicas.
A
nova política de Educação Especial na perspectiva inclusiva, principalmente
para pessoas com surdez, tem se tornado promissora no ambiente escolar e nas
práticas sociais/institucionais.
É preciso pensar e construir uma prática
pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas
com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa no
emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes. Ao pensar na abordagem
bilíngue para a educação linguística da pessoa com surdez, deslocamos o lugar
especificamente linguístico e a tratamos com outros contornos: a LIBRAS e a
Língua Portuguesa, ensinadas no âmbito escolar.
Segundo
Damázio e Ferreira, o bilinguismo, muitas vezes, dá lugar ao bimodalismo; não
se leva em conta a abordagem bilíngue, considerando as pessoas em seus graus de
surdez. É importante lembrar que a perspectiva inclusiva rompe fronteiras,
territórios, quebra preconceitos e procura dar ao ser humano com surdez, amplas
possibilidades sociais e educacionais.
O Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que
determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com
surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa,
preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e
que o acesso às duas línguas ocorra de
forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de
todo o processo educativo.
Se forem criados ambientes propícios
para as pessoas com surdez desenvolverem o seu potencial, as marcas do déficit,
da falta, da falha e da deficiência serão secundarizadas e será exaltado o seu
potencial humano. Devemos compreender o
homem como um ser dialógico, reflexivo, síntese de múltiplas determinações num
conjunto de relações sociais, com capacidade de idealizar e de criar. Mas que
às vezes pode ter dificuldade e limitação consigo mesmo e com os que o rodeiam.
O Atendimento Educacional Especializado
para pessoas com surdez por meio da Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva Inclusiva, disponibiliza serviços e recursos. Esse atendimento oferece
novas possibilidades para as pessoas com surdez, em que a Libras e a Língua
Portuguesa escrita são línguas de comunicação e instrução.
O
AEE para pessoas com surdez deve ser visto como construção e reconstrução de
experiências e vivências conceituais, em que a organização do conteúdo
curricular não deve estar pautada numa visão linear, hierarquizada e
fragmentada do conhecimento. Precisa ser pensado em redes interligadas, sem
hierarquização de conteúdos, mas com uma ação conectada entre o pensar e o
fazer pedagógico. Um ambiente de aprender a aprender adequado, que sustentará que o professor e o aluno com surdez interajam
com a sala de aula comum, produzam, pela mediação pela compreensão dos
conhecimentos, a partir, de novas práticas metodológicas, com suas estratégias
e recursos de ensino.
Conforme
Damázio (2005), a Pedagogia Contextual Relacional tende formar o ser humano,
com base em contextos significativos, que procura desenvolvê-lo em todos os
aspectos possíveis, despertando-o nas suas qualidades e estabelecendo um
movimento relacional sadio entre o ser e o meio ambiente.
Referência
Bibliográfica
Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas
com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.
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